terça-feira, fevereiro 1

Caixas desarrumadas,

Talvez exista uma parte de mim que quero meter numa caixa de cartão

bem fechada com fita cola na mais profunda prateleira do meu ser.
Talvez queira apenas coloca-la num sitio escuro e deserto dentro de mim,
com um carimbo de "frágil" e outro de "Pf Não Mexer".
Talvez queira que essa caixa onde tu estás fique longe de mim, porque é demasiado perigoso,
demasiado doloroso abri-la.
Então quero por dentro dessa caixa todas as memorias, todos os sorrisos, todo o amor e toda a amizade, todos os momentos bem passados, todas as gargalhadas sinceras, mesmo todas as discussões e amuos, toda a verdade e toda a mentira.
Quero que fiques dentro dessa caixa quietinho na prateleira do passado, e não saias de lá,
porque és muito, foste mais ainda e contrariamente a minha lógica mental, que tanto me tem traído nos últimos tempos, ainda continuarás a ser...
Talvez eu queira tanto esconder que essa caixa existe e pensar que tudo que ela contém já não me deixa triste e saudosa, que apenas a posso contornar sem qualquer aviso prévio.
Talvez eu possa continuar a mentir a ti, e enganar-me a mim.
Mas não posso queimar essa caixa, e enquanto ela aqui estiver, no meu coração, na minha mente,
até mesmo entranhada no meu corpo, não posso olhar para ti e não ver tudo isso.
Talvez um dia passe ou talvez eu apenas esteja demasiado alcoolizada agora,
e pense que as coisas vão de facto melhorar, e vamos seguir os nossos caminhos sem tropeçar um no outro.
Talvez eu esteja a tentar criar outras caixas com outras pessoas, tal como tu criaste e tente agarra-me a elas com tanta força e as tente encher de tudo que a tua caixa transborda.
Mas mesmo assim, por muitos beijos e amassos, por muito prazer e carinho até mesmo por muita amizade que essas outras caixas tem, não são a tua caixa, e por esse simples motivo não me enchem, não me fazem sorrir sinceramente, não me fazem sentir cheia de vida, so me fazem sentir mais vazia de tudo.
Só porque essas pessoas não são tu.

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