domingo, abril 6

o meu sotão dessarumado...

Deixa-me cair,
Deixa-me morrer,
hoje nada tem sentido no imenso sótão de arrumações desarrumadas, em que se tornou o meu cérebro..

Deixa-me cair na profundidade da mágoa que é ser confusa num mundo confuso de confusões que ninguém sabe desconfundir..
Deixa-me cair na areia quente, que o vento a traga e me faça fechar os olhos á inutilidade de pessoa que me tornei, não por querer, por apenas não me esforçar por não querer o contrário..
Deixa-me lavar a cara na água límpida do marque banha a areia suja, deixa que essa água deslavada me lave os sentimentos e a confusão desordenada em que a cabeça de um ser como eu se tornou num confuso mundo regido pela complexidade que é ser confuso num mundo em que a simplicidade é dona das mais fabulosas obras..

Deixa-me cair, e cair outra vez, deixa-me querer ser eu a levantar-me e a limpar a areia dos olhos..
Deixa-me ser eu a querer sair da areia que me queima, e queira mergulhar o rosto na agua limpa que me lavará todo o resto de angustias e memórias que não quero manter na secção de dor e amargura na tal confusa prateleira do meu sótão..

Deixa-me ser eu a querer voltar a viver..
Voltar a respirar..

Deixa-me ser eu a arrumar toda esta confusão e organizar o sótão de maneira a meter numa caixa de cartão fechada com fita cola, todos os momentos bons que vivi com ele... todas as memorias de amor e alegria que hoje atormentam a minha prateleira desarrumada..

Deixa-me ser eu a querer viver...

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